segunda-feira, 11 de maio de 2020

A Primavera dos Povos

Primavera dos Povos é o nome que se dá a uma série de movimentos revolucionários de cunho liberal que ocorreram por toda a Europa durante o ano de 1848. Com a Revolução Francesa de 1789, os ideais libertários espalharam-se por toda a Europa, assustando as monarquias absolutistas europeias. Nesse cenário é que se institui o Congresso de Viena, em 1815, que buscava uma restauração da antiga ordem vigente (pré-1789). Monarquias que haviam sido abolidas foram restauradas, e políticas repressoras voltaram a ser aplicadas à população.
Podemos encontrar na França, no ano de 1830 as sementes dos movimentos revolucionários de 1848. Com a subida do rei Luís Filipe da França, denominado "rei burguês", havia esperança entre a classe burguesa que seus interesses seriam devidamente representados, sendo o próprio monarca oriundo daquela classe.
O arranjo proporcionado pelo governo de Luís Filipe era comum em todo continente, onde governos autocráticos, que não abriam espaço para as classes subalternas dominavam o cenário político-social. Além disso, uma colheita sofrível no campo, entre os anos de 1845 e 1846 e uma consequente crise econômica, tanto no setor agrícola quanto industrial, preparou o terreno para que, durante o ano de 1848, revoluções de cunho liberal se espalhassem por toda Europa, sendo o primeiro foco na Sicília, e depois para a Hungria, França, Alemanha e Áustria.
A ideologia predominante, e que de certo modo unia todos os movimentos era a de um socialismo utópico (tanto que naquele mesmo ano temos a concepção do famoso "Manifesto Comunista" de Karl Marx e Friedrich Engels). Até mesmo em terras brasileiras os ecos das perturbações que assolavam a Europa se fazem sentir, com a Revolução Praieira, ocorrida na província de Pernambuco, em 1848.
Nos diversos países europeus, a Primavera dos Povos desenvolveu-se da seguinte maneira:

Itália

Na Itália havia o projeto central de unificação do país, que ocorreria somente em 1861 e que eclipsou tais preocupações sócio-econômicas. A ordem acabou por ser reestabelecida pelas diversas potências que dominavam as diversas regiões do território italiano à epoca, nomeadamente França e Áustria.

Hungria

Na Hungria, como na Itália, as ideias de afirmação e independência nacional acabavam por se igualar e até mesmo superar as preocupações de ordem mais prática. Ocorrem rebeliões no início do ano, e o governo que surge das eleições faz do país um território virtualmente livre do jugo austríaco. A Áustria invade o país, o governo eleito demite-se e a repressão que se segue é duríssima, terminando com as revoltas.

Áustria

Na Áustria, setores da aristocracia rebelaram-se contra a monarquia. Várias revoltas ocorrem, com destaque para a ocorrida em Praga. Em novembro de 1848, o imperador abdica, porém, tal situação será revertida em 1852, com a restauração do regime.

Alemanha

Na Alemanha, havia como na Itália, a questão da reunificação. Área em plena fase de industrialização, as revoltas operárias e camponesas proliferam-se. Chegou-se a elaborar uma nova constituição, mas esta termina por ser rejeitada pelo rei, e a situação termina com poucos progressos em relação à realidade anterior.

França

Na França, o rei Luís Filipe abdica em 1848. A república é proclamada, porém, a instabilidade irá continuar até cerca de 1851, quando, através de um glope palaciano, Carlos Luís Napoleão Bonaparte proclama o Segundo Império Francês, com o título de Napoleão III.
Na maior parte, as revoltas em toda Europa foram controladas, e as mudanças sociais que os movimentos revolucionários tanto ansiavam acabaram sufocadas pela emergente Segunda Revolução Industrial e por uma tênue calmaria econômica, que seria acompanhada de uma calmaria política. Os regimes autocráticos teriam sobrevida até o início da Primeira Guerra Mundial, onde a ordem estabelecida em Viena seria finalmente implodida.
Bibliografia:
http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/primavera-dos-povos.jhtm - UOL Vestibular - Revoluções de 1848
http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u54.jhtm





Organização do Trabalho na Sociedade.

trabalho é a atividade por meio da qual o ser humano produz sua própria existência. Essa afirmação condiz com a definição dada por Karl Marx quanto ao que seria o trabalho. A ideia não é que o ser humano exista em função do trabalho, mas é por meio dele que produz os meios para manter-se vivo. Dito isso, o impacto do trabalho e do seu contexto exercem grande influência na construção do sujeito. Assim, existem áreas do conhecimento dedicadas apenas a estudar as diferentes formas em que se constituem as relações de trabalho e seus desdobramentos na vida de cada um de nós.
Não seria difícil, então, de se imaginar que, quando as relações de trabalho alteram-se no fluxo de nossa história, as nossas estruturas sociais também são alteradas, principalmente a forma como se estruturavam nossas relações, posições na hierarquia social, formas de segregação e, em grande parte, aspectos culturais erguidos em torno das relações de trabalho.
O trabalho no decorrer da história
Tomemos como exemplo o rápido processo de mudança que atingiu os países europeus no início do século XVIII, o qual hoje chamamos de Primeira Revolução Industrial. As relações de trabalho, anteriormente, eram fortemente agrárias, constituídas dentro do âmbito familiar. O ofício dos pais era geralmente passado aos filhos, o que garantia a construção de uma forte identidade ligada ao labor a que o sujeito se dedicava. O indivíduo estava ligado à terra, de onde tirava seu sustento e o de sua família. A economia baseava-se na troca de serviços ou de produtos concretos, e não no valor fictício agregado a uma moeda. Da mesma forma, o trabalho também estava agregado à obtenção direta de bens de consumo, e não a um valor variável de um salário pago com uma moeda de valor igualmente variável. A estrutura social era rígida, com pouca ou nenhuma mobilidade para os sujeitos, ou seja, um camponês nascia e morria camponês da mesma forma que um nobre nascia e morria nobre.
As mudanças trazidas pelo surgimento da indústria alteraram profundamente o sentido estabelecido para o trabalho e para a relação do sujeito com ele. A impessoalidade nas linhas de montagem que a adoção do Fordismo trouxe, em que milhares de pessoas amontoavam-se diante de uma atividade repetitiva em uma linha de montagem, sem muitas vezes nem ver o resultado final de seu esforço, passou a ser a principal característica do trabalho industrial.

O trabalho presente e futuro
As transformações de nossas relações de trabalho não pararam na Revolução Industrial, pois ainda hoje o caráter de nossas atividades modifica-se. Contudo, as forças que motivam essas mudanças são outras. A globalização é um dos fenômenos mais significativos da história humana e, da mesma forma que modificou nossas relações sociais mais íntimas, modificou também nossas relações de trabalho. A possibilidade de estarmos interconectados a todo momento encurtou distâncias e alongou nosso período de trabalho. O trabalho formal remunerado, que antes estava recluso entre as paredes das fábricas e escritórios, hoje nos persegue até em casa e demanda parte de nosso tempo livre, haja vista a crescente competitividade inerente ao mercado de trabalho.
A grande flexibilidade e a exigência por uma mão de obra cada vez mais especializada fazem com que o trabalhador dedique cada vez mais tempo de sua vida para o aperfeiçoamento profissional. Essa é uma das origens das grandes desigualdades sociais da sociedade contemporânea, uma vez que apenas aqueles que dispõem de tempo e dinheiro para dedicar-se ao processo de formação profissional, caro e exigente, conseguem subir na hierarquia social e econômica.
A introdução da automação na produção de bens de consumo tornou, em grande parte, a mão de obra humana obsoleta, aumentando o tamanho do exército de trabalhadores e diminuindo o valor da força de trabalho nos países que dispõem de grande população, mas com baixa especialização. Como resultado, a situação do trabalho só piora, pois se preocupar com o bem-estar do empregado é algo caro e, na concepção que prioriza o lucro monetário, não é um investimento que garanta renda imediata.

Por Lucas Oliveira
Graduado em Sociologia

quinta-feira, 7 de maio de 2020

O Quilombo dos Palmares




Quilombo dos Palmares é considerado o maior símbolo de resistência contra a escravidão no Brasil. Os primeiros registros desses agrupamentos foram por volta de 1580 quando os escravos fugiram da capitania de Pernambuco para a região da Serra da Barriga. Eles persistiram por quase um século formando uma comunidade de negros trazidos da África.
As invasões holandesas em 1624-1625 e em 1630-1654 favoreceram a fuga desses escravos dos canaviais nordestinos. Até à presente data, não é possível descrever um número exato dos habitantes dos Palmares, mas estima-se que foi em torno de vinte mil. Os senhores de engenho estavam com as atenções totalmente voltadas às invasões holandesas e não à evasão dos negros.

Os escravos se dividiram em diversos povoamentos entre eles o de Cerca Real do Macaco, considerado o maior centro político do Quilombo com em média 1.500 casas. Subupira tinha em média 800 habitações onde realizavam as atividades militares. Zumbi foi o maior líder do Quilombo e sua esposa Dandara comandava o exército feminino.
O Quilombo era todo cercado de madeira e a segunda fileira de cerca ficava a 300 metros da primeira. Havia uma sentinela reforçada com pedras e a entrada era composta de um portão também de madeira onde todo o acesso da aldeia era controlado. Nos arredores do assentamento eram feitos diversas armadilhas executadas com buracos e lanças profundas cobertas com folhas. Somente os moradores conheciam o caminho seguro para chegar ao Quilombo.
As casas eram construídas de madeiras e folhas de palmeiras. O azeite servia como líquido inflamável para cozinhar e manter as tochas acesas para iluminarem a aldeia durante a noite. Os móveis e utensílios domésticos eram artesanais ou de cerâmica e as cestas eram de tecidos trazidos ou furtados das fazendas vizinhas.
Todo meio de subsistência provinha das lavouras e eles plantavam milhofeijão, mandioca, banana, goiaba, abacate, caju, etc. Caçavam, pescavam e armazenavam água em poços. Os animais de pequeno porte e as galinhas eram criados no agrupamento. Falavam português misturado com os dialetos de origem.
Há poucos registros sobre a organização política e alguns estudiosos afirmam que eles se estabeleciam tal como os estados da África, onde um oligarca governava e ditava ordens. Esse tipo de atitude leva a acreditar que dentro do próprio Quilombo havia escravidão e esta prática acontecia devido à adaptação dos negros recém-chegados, que achavam que não teriam que trabalhar como anteriormente, mas ao chegarem, viam que isso era necessário para manter a subsistência no local. Outra teoria é de que alguns negros eram capturados nas fazendas e levados para o Quilombo para realizarem trabalho forçado na lavoura. No entanto há quem afirme que as atividades eram divididas conforme a habilidade de cada pessoa.
Após a expulsão dos holandeses do país, as atenções dos portugueses se voltaram ao cultivo da cana-de-açúcar e também ao aumento do preço do escravo. Com a mão-de-obra cada vez mais escassa os colonos começaram a se atentarem mais na fuga dos escravos tentando encontrar os que já haviam fugido.
Os quilombos liderados por Zumbi faziam vários ataques no engenho, libertavam escravos, roubavam armas e munições. Após várias tentativas sem sucesso de vencer os quilombos, os portugueses diziam que era mais fácil vencer os holandeses do que os escravos.
Foi então que o governador de Pernambuco Caetano Castro delegou uma função ao bandeirante Domingos Jorge Velho e ao Capitão-Mor Bernardo Melo que consistia em capturar e coagir o quilombola Antônio Soares. Para a sua liberdade este tinha que revelar aonde era o esconderijo do líder do Quilombo dos Palmares, e ele assim o fez.
Através de uma emboscada, Zumbi dos Palmares foi morto no dia 20 de Novembro de 1695. Sua cabeça foi cortada e exposta em praça pública como forma de demonstrar aos outros escravos qual seria a consequência se tentassem fugir. Com a morte do maior líder da resistência negra da época, a comunidade não conseguiu sobreviver. Em memória ao Zumbi, a data de seu falecimento ficou conhecida como Dia da Consciência Negra no Brasil.


Vídeo documentário produzido pela TV Brasil.




SP 462 anos: como a cara da cidade mudou ao longo do tempo.


A Revista Exame fez uma excelente reportagem sobre as mudanças na cidade de São Pulo.
Copiamos na íntegra a reportagem com as fotos.
Vale ressaltar que o texto foi copiado na íntegra, inclusive com dados e data da postagem no site da revista.

SP 462 anos: como a cara da cidade mudou ao longo do tempo

Uma seleção de imagens que mostra as mudanças que ocorreram ao longo dos anos na capital paulista