A Crise de 1929, ou
Grande Depressão, foi o colapso do capitalismo e também do liberalismo
econômico. Ficou conhecida como uma crise de superprodução.
A Crise
de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi uma forte
recessão econômica que atingiu o capitalismo internacional no final da década
de 1920. Marcou a decadência do liberalismo econômico, naquele momento, e teve
como causas a superprodução e especulação financeira.
Acesse também: Fases
do Capitalismo
Os Estados Unidos antes da crise econômica
Antes da crise de 1929 estourar, os Estados Unidos já ocupavam o posto de maior economia
do mundo. Antes mesmo da Primeira Guerra
Mundial, a economia americana já possuía índices que comprovavam essa
supremacia, e os eventos da guerra só acentuaram a posição de potência
econômica internacional dos Estados Unidos.
Em virtude do rápido crescimento da economia
americana após a guerra, a década de 1920 foi um período de grande euforia
econômica, o qual ficou conhecido como Roaring Twenties (traduzido
para o português como Loucos Anos Vinte). Esse momento da história americana
ficou marcado principalmente pelo avanço do consumo de mercadorias,
consolidando o American way of life, o estilo de vida
americano.
O avanço da economia americana tornou o país responsável pela
produção de 42% de todas as mercadorias feitas no mundo. A nação também era a
maior credora do mundo e emprestava vultuosas somas de dinheiro para as nações
europeias em processo de reconstrução (após a Primeira Guerra). No quesito
importação, os Estados Unidos eram responsáveis por comprar 40% das
matérias-primas vendidas pelas quinze nações mais comerciais do mundo.
Mapa Mental: Crise de 1929
*Para baixar o mapa mental em PDF, clique aqui!
Essa euforia econômica refletia-se na população a partir de um
consumismo acelerado, levando as pessoas a comprarem carros e artigos
eletrodomésticos de maneira desenfreada. Esse consumismo ancorava-se, em parte,
na expansão do crédito que acontecia no país sem nenhum tipo de regulação ou
intervenção estatal. A expansão do crédito também cumpria importante papel no
financiamento de diferentes atividades econômicas.
Com esse quadro, os Estados Unidos viviam um momento de pleno
emprego e rápido crescimento industrial. Entre 1923 e 1929, os Estados Unidos
possuíam uma taxa média de desemprego de 4%, a produção de automóveis no país
aumentou 33%, o número de indústrias instaladas no país aumentou por volta de
10% e o faturamento do comércio quintuplicou.
Por causa do boom econômico e da onda de euforia, as
pessoas passaram a investir de maneira intensa no mercado financeiro, disparando a especulação
monetária. Durante a década de 1920, os
investimentos nas ações das empresas na bolsa de valores de Nova Iorque tiveram
saltos consideráveis.
O sentido
de especulação financeira aqui está relacionado com
pessoas que compravam ações na bolsa, esperando que estas se valorizassem para
logo em seguidas revendê-las. Esse processo fazia com que os valores das ações
aumentassem – pois havia muitos compradores – e criava uma falsa sensação de
prosperidade. A continuidade desse falso cenário de prosperidade financeira e a
superprodução resultaram na quebra da economia americana.
Quebra da bolsa de Nova Iorque
Toda essa prosperidade estava amparada em bases extremamente
frágeis. O crédito desregulado e o crescimento da especulação financeira
criaram uma bolha de falsa prosperidade que estava à beira do precipício. A
sociedade tornou-se incapaz de perceber o que estava prestes a acontecer. Esse
processo foi explicado por Hobsbawm da seguinte maneira:
O que acontecia, como muitas vezes acontece nos
booms de mercados livres, era que, com os salários ficando para trás, os lucros
cresceram desproporcionalmente, e os prósperos obtiveram uma fatia maior do
bolo nacional. Mas como a demanda da massa não podia acompanhar a produtividade
em rápido crescimento do sistema industrial nos grandes dias de Henry Ford, o
resultado foi superprodução e especulação. Isso, por sua vez, provocou o colapso1.
A questão salarial que foi mencionada no trecho
acima é muito importante para entendermos uma das facetas da crise: a
superprodução. Na década de 1920, a indústria dos Estados Unidos expandiu-se e
a produtividade do trabalhador aumentou. Esse aumento na produção, no entanto, não foi
acompanhado de aumentos salariais, pois os salários
permaneceram estagnados. Assim, o mercado não tive condições de absorver a
quantidade de mercadorias que eram produzidas (nem o mercado americano nem
outros países conseguiam absorver essas mercadorias). Isso abalou a esperança
de rápida prosperidade de muitos que tinham ações de empresas americanas.
Milhares de pessoas resolveram vender as suas
ações no dia 24 de
outubro de 1929, no que ficou conhecido como Quinta-feira Negra.
Nesse dia, mais de 12 milhões de ações foram colocadas à venda, o
que deixou o mercado em pânico. Essa situação se estendeu por dias e na
segunda, dia 28, mais 33 milhões de ações foram colocadas à venda. Imediatamente o
valor das ações despencou, e bilhões de dólares desapareceram. A economia
americana quebrou.
Consequências da Crise de 1929
Os efeitos da crise para a economia dos Estados
Unidos foram imediatos e espalharam-se pelo país como um efeito dominó. O período mais crítico foi de 1929 a 1933; logo após, os
efeitos da crise foram enfraquecendo-se, principalmente por causa da
intervenção do Estado na economia com o New Deal (Novo Acordo).
Separamos abaixo alguns dados que evidenciam o impacto da crise na
economia dos Estados Unidos:
·
PIB nominal dos Estados Unidos caiu
aproximadamente 50%
·
O desemprego disparou e alcançou
27% (era 4% antes da crise)
·
Importações caíram 70%
·
Exportações caíram 50%
·
Diminuíram em 90% os empréstimos
internacionais
·
Produção industrial caiu, no
mínimo, 1/3
·
Produção de automóveis foi reduzida
em 50%
·
Salário médio na indústria caiu 50%
·
Falência de milhares de empresas e
bancos
Milhares de pessoas perderam instantaneamente todo seu patrimônio,
uma vez que ele estava investido em valores da especulação que haviam
desaparecido com a quebra da bolsa. Os efeitos da crise espalharam-se pelo mundo,
por isso, a economia de diversos países entrou em recessão, e o desemprego
disparou mundo afora.
A situação era tão crítica que o desemprego alcançou níveis
altíssimos nos seguintes países:
·
Grã-Bretanha: 23%
·
Bélgica: 23%
·
Suécia: 24%
·
Áustria: 29%
·
Noruega: 31%
·
Dinamarca: 32%
·
Alemanha: 44%
A maioria desses países teve dificuldade em
reduzir esses índices mesmo após 1933. Vale dizer também que esses dados nos
dão uma pista do motivo pelo qual o fascismo e
os ideais de extrema-direita tiveram tanta repercussão nos quadros políticos da
Europa durante a década de 1930. Ao todo, o comércio internacional foi reduzido em
aproximadamente 1/3.
Consequências da Crise de 1929 no Brasil
O Brasil também sentiu os impactos da Crise de
1929. A área que sofreu mais com a recessão econômica foi a de produção do café –
o principal produto de exportação do país. O Brasil era responsável por cerca
de 70% do café comercializado no mundo, e o principal consumidor da nossa
mercadoria eram os Estados Unidos (compravam cerca de 80% do nosso café).
Com a recessão, o café estagnou-se no mercado
brasileiro, e o preço do produto despencou. Os cafeicultores tiveram prejuízos
gigantescos. No auge dessa crise, o país enfrentou transformações políticas
profundas com o acontecimento da Revolução de
1930.
O novo governo teve Getúlio
Vargas como presidente provisório.
A mudança política em si que aconteceu nesse período já é
levantada pelos historiadores como uma consequência indireta da recessão sobre
o nosso país. Além disso, as exportações do café brasileiro reduziram-se por
volta de 60%, e o preço do café no mercado internacional caiu cerca de 90%. Com
isso, o governo resolveu agir.
A medida de Vargas na economia foi a de
proteger o principal produto do país. Para isso, foi criado o Conselho Nacional do Café (CNC)
em 1931. Para conter a queda no valor do café, o governo decidiu realizar a
compra das sacas que estavam paradas para aumentar o valor do café no mercado
internacional. As sacas que foram compradas pelo governo eram incendiadas. Essa
prática estendeu-se durante treze anos, resultando na destruição de 78,2
milhões de sacas de café.
Fonte: Texto copiado na íntegra.
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/crise29.htm
Fonte: Texto copiado na íntegra.
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/crise29.htm
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