Historiador, graduado pela Universidade Guarulhos. Pedagogo pela Universidade Metropolitana de Santos. Especialização em História pela Escola de Formação de Professores do Estado de São Paulo. Especialização. Educação em Foco pela Faculdade de Educação Paulistana. Professor de História (Ensino Fundamental II e Médio) nas redes municipal e estadual Paulista. Professor Coordenador Pedagógico e Diretor Escolar na rede estadual de São Paulo.
sábado, 31 de março de 2012
quarta-feira, 28 de março de 2012
Descoberta de fóssil revela hominídeo capaz de andar sobre dois pés
Na imagem, parte do osso do pé direito de um hominídeo que viveu há 3.4 milhões de
anos.
Pesquisadores descobriram que havia outro hominídeo, contemporânea à Lucy, que caminhava sobre dois pés, embora passasse a maior parte do tempo nas árvores. A descoberta do fóssil de três milhões de anos serve como uma nova compreensão sobre a evolução humana e a capacidade de andar sobre dois pés. A criatura bípede foi revelada quando uma equipe internacional de pesquisadores encontrou parte do fóssil de um pé no leste da África. Assim o hominídeo Australopithecus afarensis, cujo fóssil mais famoso é conhecido como Lucy, ele caminhava sobre dois pés, mas tinham o modelo do pé adaptado para subir árvores. De acordo com os pesquisadores a descoberta deixa claro que vários parentes do ser humano tentaram andar em pé. “Esta é só mais uma prova para solucionar o mistério de como viemos de um pé primitivo para um pé moderno”, disse Bruce Latimer, da Universidade de Case Western Reserve, que participou do estudo publicado nesta quarta-feira (28) no periódico científico Nature. Cientistas ainda sabem muito pouco sobre este hominídeo que viveu no mesmo período que Lucy, pois ainda não foi encontrado nenhum crânio ou dente que possibilitassem alguma determinação referente à espécie. A única coisa que eles sabem é que o fóssil do pé não vem de um indivíduo da espécie de Lucy, Australopithecus afarensis.A análise do fóssil encontrado em Afar, na Etiópia, mostrou que os fragmentos vêm do pé direito de um hominídeo que viveu há 3,4 milhões de anos. Enquanto Lucy tinha pés parecidos com o de humanos, o pé do novo hominídeo parecia ser menos desenvolvido.“Esta descoberta é a primeira prova de que havia uma segunda espécie naquele período”, disse Tim White, diretor do Centro de Pesquisa em Evolução Humana da Universidade da Califórnia em Berkeley, que não esteve envolvido com a descoberta.Fonte: www.ig.com.br
domingo, 25 de março de 2012
As Reformas nas relação entre política, religião e sociedade moderna
Nas Reformas a relação entre política, religião e organização social foi de fundamental importância, tanto para ratificar, quanto para negar o poder de um ou do outro grupo. Pois enquanto a Contrarreforma conferiu poderes absolutos aos reis de Espanha e de Portugal, por exemplo, dando início ao surgimento do Absolutismo Moderno. Na Inglaterra perdeu poder, tendo até seus bens confiscados.
As Reformas religiosas refletiam diretamente na
política, uma vez que os reis eram apoiados pelo Papa seus poderes tenderiam a
aumentar possibilitando ao rei um maior controle sobre a sociedade. Por outro
lado quando se verifica um rompimento com a Igreja Católica, como aconteceu com
a Inglaterra, Alemanha, Suíça e outros países a Igreja perde o poder de definir
os destinos das pessoas, como se pode verificar nesses países, em alguns deles os
fieis chagaram a apontar a Igreja Católica como responsável pela miséria do
povo, uma vez que esta era proprietária de muitas terras, enquanto muitos fiéis
não tinham onde plantar.
Esses movimentos tendiam a fortalecer o poder do rei
diante da população que estava por vários motivas insatisfeitos com a Igreja
Católica os antigos fiéis muitas das vezes até se lucravam dos bens que eram
confiscados da Igreja pelo rei. Além de se verem livres das cobranças de
impostos de Igreja, de recolher esmolas, de pagar as indulgências, entre outras
coisas.
As Reformas que começaram na religião têm importante
impacto na vida política, econômica, social, e cultural do povo Moderno. As
pregações de Lutero e de seus seguidores iam muito além do campo religioso,
questionavam privilégios, os luxos, a distância das pregações da Igreja com a
fala cristã, a corrupção, o enriquecimento da instituição católica diante da
miséria da população, etc.
As Reformas possibilitaram uma vinculação direta
entre política, religião e sociedade. Com as reformas surgiu se novas
possibilidades de se contestar a hierarquia católica, trazendo ao homem a
oportunidade de “libertação” e a possibilidade de prosperidade, levando nobres,
camponeses e burgueses a apoiar os ideais de Lutero em muitas partes da Europa.
Enquanto os reis preocupados em ampliar seu poder se divergiam em guerras
religiosas.
As 9 as religiões principais no mundo
– > Cristianismo: com cerca de 2100 milhões de adeptos,
essa é a religião mais comum e mais polêmica. Monoteísta, baseia-se nos
ensinamentos de Jesus, estes recolhidos no Evangélio, parte do Novo Testamento.
Para os cristãos, Jesus é o messias e por ele fazem referência como Jesus
Cristo. Nasceu no século I como seita do judaísmo, compartilhando textos como o
Tanakh, denominado pelos cristões como Velho Testamento. É considerado uma
religião abraâmica. Acreditam na vida após a morte e na salvação para a vida
eterna. Os cristões se reúnem em Igrejas. As Igrejas são dividas em Católica,
Protestante e Ortodoxa. É nesse ponto que muitos costumam errar na nomeclatura.
Catolicismo, ortodoxismo e outras denominações não são religiões, e sim igrejas
de uma única religião. Jesus, para ele é humano e divino. Crêem na trindade
(doutrina para Deus em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo) e
na ressureição.
Denominações: Nestorinanismo, Igreja Ortodoxa Oriental,
Igreja Ortodoxa, Igreja Católica, Anglicanismo, Protestanismo, Anabaptistas,
Restauracionismo. No Protestanismo, são destintos históricos: luteranos,
anglicanos, prebiterianos, metodistas, batistas; destintos pentecostais:
Assembleias de Deus, O Brasil para Cristo, Congregação Cristã, Igreja Cristã
Maranata e a Igreja do Evangelho Quadrangular; destintos neopentecostais:
Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Igreja
Internacional da Graça de Deus, Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, Igreja
Evangélica Cristo Vive, Igreja Cristo Vive, Manancial Vida, Igreja de Nova
Vida, Comunidade Cristã, Igreja Bola de Neve e a Igreja Unida, entre outras.
-> Islã (ou islamismo ou islão): A segunda mais importante religião,
chegando a 1300 milhões de adeptos. Monoteísta, surgiu no século VII na
Península Arábica, baseada nos ensinamentos do profeta Maomé e na escritura
sagrada do Alcorão. Para os
muçulmanos, a religião nasceu quando Adão surgiu, ou seja, desde o nascimento,
onde foi o primeiro profeta, Maomé então seria o último. Para chegar à
salvação, basta acreditar em um único Deus (chahada),
rezar cinco vezes ao dia (Salá), cumprir um
jejum anual no mês do Ramadão (Saum),
pagar dádivas rituais (Zakat) e ir ao
menos uma vez à Meca peregrinar (Haj).
O Deus chama-se Alá, e crêem em anjos de Alá. Crêem também nos livros sagrados
de Torá, Salmos e Evangelho. O Alcorão é o livro sagrado. Acreditam no dia do
julgamento final e na predestinação.
Denominações: Sunitas,
Xiitas e Kharijitas
-> Hinduísmo (ou Sanātana Dharm): tradição religiosa originada do
subcontinente indiano que abrange o bramanismo, crendo na Alma Universal.
Dentre as seis divisões históricas (darshanas),
somente duas sobrevivem, a Ioga e Vedanta. As principais divisões hoje são:
vixnuísmo, xivaísmo, smartismo e shaktismo. Os temas discutidos pelos
religiosos são o dharma (ética hindú), samsara (ciclo
nascimento, morte e renascimento), karma (ação e reação), moksha (libertação do samsara)
e as iogas. São os quatro objetivos de vida (purushartha): kama, artha, dharma e moksha. São os quatro estágios da vida humana: Brahmacharya, Grihasthya, Vanaprastha e Sanyasa. O hinduísmo é fortemente lembrado como
a mais antiga tradição religiosa. Crêem no caminho eterno e no ioga (união). As
vacas são sagradas porque na antiguidade o povo védico necessitava delas para
seus sustentos, como a produção de laticínios e a aragem. Por isso, cerca de
30% dos hindus são vegetarianos. Suas formas de adoração são os murtis e
mantras. O Hinduísmo não é politeísta, mas não é um monoteísmo restrito.
-> Budismo: mais que uma religião, é uma filosofia
baseada nos ensinamentos de Sidarta Gautana. Conta com certa de 380 milhões de
seguidores, é uma religião conhecida em todo mundo pela sua cultura. Para
certos pesquisadores e estudantes, o budismo pode não ser considerado como
religião, porque não existe um Deus criador, dogmas e proselitismo. O budismo é
o caminho para o crescimento espiritual, através dos ensinamentos de Buddhas.
Seus ensinamentos básicos: evitar o mal, fazer o bem e cultivar a mente,
objetivando o fim do ciclo de sofrimento (samsara)
e o caminho da libertação (nirvana). Para se
eliminar a dor, deve-se eliminar o desejo. Os treinamentos mentais destinguem a
disciplina moral (sila), a
concentração meditativa (samadhi) e a
sabedoria (prajiña). Os budistas
não negam a existência de seres sobrenaturais, mas não atribuiem-os tributos de
criação ou destruição. Os símbolos do budismo são a flor de lótus e a cruz
suática.
-> Sikhismo: Religião monoteísta fundada em Penjab
por volta do século XV pelo Guru Nanak. Baseado nos ensinamentos de 10 Gurus e
tendo Guru Granth Sahib como 11° e último Guru, um livro sagrado. Deus, para os
adeptos, não possue forma e é eterno, e é o criador do mundo e dos seres. O
sikhismo explica que o homem é separado de Deus no cíclo do renascimento (samsara) devido ao
egocentrismo. Acreditam no karma(pensamentos
positivos geram ações positivas) e que ações negativas geram infelicidade e
renascimento para seres inferiores (animais, plantas etc.). Os templos recebem
nome deGurdwaras. Um rito
comum: ao nascer, o bebê é levado a uma gurdwara e é aberto uma página qualquer
do Guru Granth Sahib. Então, o nome da criança começará com a primeira letra da
primeira palavra da página esquerda do livro. Os homens e mulheres que cortam
seus cabelos são chamados de patit, ou
renegados. Pussue cerca de 23 milhões de adeptos.
-> Judaísmo: Religião
do povo Judeu e mais antiga das principais religiões monoteístas surgiu da
religião mosaica. O Deus é chamado de YHWH ou Adonai ou HaShem. Segundo os
judeus, Israel foi escolhido para receber o Torá (ensinamentos desse Deus). Deus é um
criador ativo e de influência, e o judeu é o único com linhagem para ter um
pacto eterno com Deus. É comum o uso do hebráico como língua litúrgica. Cerca
de 15 milhões de adeptos, os judeus não são obrigados a seguir o judaísmo,
mesmo que o judaísmo só possa ser praticado por judeus. Acreditam na
ressureição e na vida além-morte.
-> Espiritísmo: Crêem na existência de um espírito
imortal, na reencanação e na intermediação entre o mundo espiritual e o mundo
real através de um Médium. Para os espíritas, o homem é um espírito ligado a um
corpo através de uma alma. Esse espírito é imortal e a reencarnação é o
processo natural que permite vidas sucessivas. Cerca de 15 milhões de adeptos.
No Brasil, é comum vermos o Candomblé e a Umbanda, que são
cultos afro-brasileiros que possuem ligações com a Doutrina Espírita.
Denominações: Espiritismo
Kardecista, Cultos Afro-brasileiros, Racionalismo Cristão, Espiritismo
Ramatisiano, Conscienciologia e Renovação Cristã.
-> Fé
Bahá’i: Fundada
por Bahá’u'lláh em 1844 na antiga Pérsia. Não possui dogmas, rituais, clero e
sacerdócio. Os seguidores são chamados como Bahá’u'lláh e baseam-se no contínuo
progresso da civilização e no respeito à humanidade. É uma religião monoteísta
e crêe que Deus é o criador de tudo e de todos. Deus é eterno e inacessível. Os
Manifestantes de Deus são mensageiros divinos e vieram para educar a
humanidade. Acreditam ser a religião única e verdadeira e para isso, religião é
uma palavra que não tem plural. É extremamente contra qualquer tipo de
preconceito ou desrespeito à humanidade, como a extremidade entre ricos e
pobres, guerras e corrupções. Possue um calendário com 19 meses com 19 dias
cada, completando um ano a cada 365 dias. Os Bahá’ís são perseguidos em países
islâmicos. Obtem cerca de7 milhões de adeptos.
-> Jainismo
(ou Jinismo): Uma
das religiões mais antigas da Índia. Como o budismo, crêe em um único Deus mas
não atribui a ele atributos de necessidade e figura central. Acredita-se que
surgiu no século V a.C. devido as ações de Mahavira. Constitui cerca de 4
milhões de adeptos, que devem combater a paixões em busca da libertação. Uma
visão duelista, é necessário ascetismo para a purificação. O tempo é infinito e
cíclico. O universo é dividido em cinco mundos habitados por determinados
seres. O universo é eterno e não foi criado por nada e ninguém e os mundos são siddhashila (onde habitam as almas
libertadas), madhyaloka (possuem
continentes e um deles onde o ser humano habita),adholoka (sete infernos), nigoda (habitado por seres inferiores).
sexta-feira, 16 de março de 2012
terça-feira, 13 de março de 2012
AS 95 TESES DE LUTERO.
1. Ao dizer: "Fazei
penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que
toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser
entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação
celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere
apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se,
externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por consequência, a pena
perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência
interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode
dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou
dos cânones.
6. O papa não tem o poder de perdoar
culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou,
certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de
observar essas limitações, a culpa permaneceria.
7. Deus não perdoa a culpa de
qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao
sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são
impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos
moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos
beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a
circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento
de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas
para o purgatório.
11. Essa cizânia de transformar a
pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos
certamente dormiam.
12. Antigamente se impunham as
penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da
verdadeira contrição.
13. Através da morte, os
moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por
direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor imperfeito no
moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor
for o amor.
15. Este temor e horror por si
sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do
purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu
parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17. Parece necessário, para as
almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor
crescesse.
18. Parece não ter sido provado,
nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem
fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido
provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao
menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
20. Portanto, por remissão plena
de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas
que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os
pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e
salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não dispensa
as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam
ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum
perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais
perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do
povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta
promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem
sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e
paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar
remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de
intercessão.
27. Pregam doutrina mundana os
que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando
[do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a
moeda na caixa[1], pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja,
porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se todas as
almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito
de São Severino e São Pascoal?
30. Ninguém tem certeza da
veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é
penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é
raríssimo.
32. Serão condenados em
eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua
salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com
aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de
Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34. Pois aquelas graças das
indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental,
determinadas por seres humanos.
35. Os que ensinam que a
contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando
doutrinas incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está
verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que
são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro,
vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são
dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Contudo, o perdão distribuído
pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da
remissão divina[2].
39. Até mesmo para os mais doutos
teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de
indulgências e a verdadeira contrição.[3]
40. A verdadeira contrição
procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e
faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.[4]
41. Deve-se pregar com muita
cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue
erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.[5]
42. Deve-se ensinar aos cristãos
que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma
forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos
que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se
comprassem indulgências.[6]
44. Ocorre que através da obra de
amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências
ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. Deve-se ensinar aos cristãos
que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para
si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos
que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para
sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47. Deve-se ensinar aos cristãos
que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. Deve ensinar-se aos cristãos
que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais
necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está
pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos
que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas,
porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos
que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria
reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os
ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos
que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles
muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o
dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação
por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o
próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do
Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por
inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus
quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do
que a ela.
55. A atitude do Papa
necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são
celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho
(que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos,
procissões e cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja, a
partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente
mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles,
certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os
distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos
de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser
humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os
pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra
como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos
que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo,
constituem estes tesouros.
61. Pois está claro que, para a
remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é
suficiente.[7]
62. O verdadeiro tesouro da
Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Mas este tesouro é certamente
o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro
das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os
primeiros.
65. Portanto, os tesouros do
Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de
riquezas.
66. Os tesouros das indulgências,
por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas
pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas
como tais, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas
são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da
cruz.
69. Os bispos e curas têm a
obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências
apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda
maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que
esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi
incumbidos pelo papa.
71. Seja excomungado e
amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém, quem
ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador
de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão,
fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de
indulgências,
74. muito mais deseja fulminar
aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e
verdade.
75. A opinião de que as
indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo
que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário,
que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais
no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo
São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é
blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
78. Dizemos contra isto que
qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o
Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como
está escrito em I.Coríntios XII.
79. É blasfêmia dizer que a cruz
com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os
bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos
entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de
indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade
do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: Por que o papa
não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade
das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número
infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da
basílica – que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: Por que se
mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui
ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto
que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: Que nova
piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e
inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da
necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: Por que os
cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos –
ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se
ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: Por que o
papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói
com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de
fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: O que é que o
papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena
remissão e participação?
88. Do mesmo modo: Que benefício
maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz
uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao
dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências,
o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as
cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos
muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando
razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os
cristãos infelizes.
91. Se, portanto, as indulgências
fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas
objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Portanto, fora com todos
esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja
paz!
93. Que prosperem todos os profetas
que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz![8]
94. Devem-se exortar os cristãos
a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte
e do inferno.
95. E que confiem entrar no céu
antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.
Assinar:
Postagens (Atom)