Esses escravos tinham como objetivo a libertação de todos os escravos de religião islâmica, a garantia da liberdade de culto e eram, em sua maioria, das etnias hauçá, igbomina e picapó. Suas ações foram baseadas em experiências de combate que trouxeram da África e visavam aplicar num momento propício.
Os revoltosos propunham o fim do catolicismo, o assassinato e o confisco de bens de todos os brancos e mestiços, a implantação de uma monarquia islâmica no Brasil, bem como defendiam também a escravização ou assassinato dos não islâmicos.
O plano dos revoltosos era sair do bairro da Vitória e se dirigir a Itapagibe, conquistando as terras e matando os brancos no trajeto. O objetivo era reunir-se com outros revoltosos e tomar o governo.
Buscavam também divulgar a religião e tomar pra si “direitos” que acreditavam ter, por motivos religiosos. Em seguida, haveria a invasão dos engenhos e libertação dos escravos muçulmanos.
O movimento foi delatado prontamente por alguém cuja identidade as pesqusias ainda não confirmaram. Essa delação foi feita a um Juiz de Paz de Salvador. Avisadas, as autoridades enviaram forças para sufocar a revolta. Os Revoltosos foram então cercados em Água dos Meninos, ainda no caminho para Itapagipe. As forças do governo eram superiores em número e armamento, o que fez com que os revoltosos não tivessem chances.
Ocorreram então violentos confrontos e a morte de 70 escravos revoltosos e 7 soldados. Também foram feitos 200 presos, que foram julgados e condenados a penas variadas, como açoites, morte ou envio de volta à África. O objetivo era coibir qualquer nova iniciativa de revolta.
Na busca pelas motivações da revolta, foram encontrados livros em árabe e orações muçulmanas. Isto despertou nas autoridades o temor de que outras revoltas do tipo ocorressem em solo brasileiro, motivadas por islâmicos. Para prevenir-se desse perigo, foram criadas medidas como a proibição de circulação de muçulmanos no período da noite e da prática de cerimônias da religião islâmica.
A Revolta do Malês, portanto, se insere no contexto das revoltas sociais do Brasil Imperial, demonstrando a insatisfação do povo com a situação política e econômica e, no caso específico, a perseguição e falta de liberdade religiosa no Brasil durante o Império.
Bibliografia:
FREITAS, Décio. A Revolução dos Malês. Porto Alegre: Movimento, 1985. 106p. il.
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_males.html
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